sexta-feira, 8 de junho de 2012

Os quadros

Há tempos que eu vinha percebendo algo de estranho em minha casa. Se é que podia se chamar de casa, pois tinha um porte muito grande. Estava mais para uma mansão antiga, bem, mas isso não vem ao caso agora. Era uma casa muito velha mesmo, e como toda casa velha, haviam muitos quadros. Mas não eram quadros comuns, pinturas bonitas de paisagem, artes abstratas, nada desse tipo.
Eram retratos. E todos os quadros continham o mesmo retrato, da mesma pessoa, porém em escalas e posições diferentes.
Você deve estar pensando “retratos, e daí?”
E daí que eles não me deixavam em paz. Retratavam uma mulher com cabelos louros maltratados, roupas que deviam ser brancas, mas no quadro ficavam amareladas pelo tempo. Nestas também haviam inúmeras manchas de sangue, já secas. Sempre sorria. Mas o sorriso dela não é o tipo de sorriso que te faz sorrir junto.
Porém esta não é a parte assustadora. O motivo pelo qual eu não consigo pregar os olhos à noite é que os quadros não permanecem assim. Eles mudam.
Eu os vejo pela primeira vez ao dia. Então vou fazer outra coisa qualquer, e quando volto, a mulher já não mais sorri. Há mais manchas em sua roupa, também em seu rosto e mãos. Nestas, a loura carrega uma faca levemente enferrujada e também suja do líquido vermelho.
Eu saio correndo. Vou para a sala, e ligo minha televisão num telejornal.
Notícia da semana: uma perigosa assassina à solta. O âncora aconselha aos telespectadores que tranquem suas portas, antes de mostrar uma foto da tal mulher na tela. Eu quase caio para trás ao encarar a face pálida, raivosa e tão bem conhecida dos retratos.
Corro pela casa à procura de um deles, e não tardei a encontrar. Parei em frente à ele, a assassina estava lá. Não sorria, nem segurava a faca, parecia... assustada. Recuei. Saí à procura do meu porão, demorando um ou dois minutos para estar diante de sua porta. Abro-a, e sinto um forte cheiro de carne apodrecida e sangue.
Então eu finalmente entendo. 
Aquela casa velha tinha mesmo muitos, muitos espelhos.
 
fonte. crepypasta brasil

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